“O hábito de ler torna o homem completo, o hábito de falar torna-o preparado, o hábito de escrever torna-o exacto.” (Francis Bacon)
domingo, março 27, 2005
Estas duas quadras
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
sábado, março 26, 2005
As coisas que aprendi na vida
"Aos 5 anos, aprendi que os peixes no aquário não gostam de gelatina.
Aos 6 anos, aprendi que não se consegue esconder espinafres no copo de leite.
Aos 8 anos, aprendi que o meu pai pode dizer uma série de palavras que eu não posso.
Aos 9 anos, aprendi que a minha professora chama-me sempre quando eu não sei a resposta.
Aos 11 anos, aprendi que os meus melhores amigos são os que sempre me metem em confusão.
Aos 12 anos, aprendi que, se tenho problemas na escola, tenho ainda mais em casa.
Aos 13 anos, aprendi que quando o meu quarto fica como eu quero, a minha mãe manda-me arrumá-lo.
Aos 14 anos, aprendi que não devia descarregar as minhas frustrações no meu irmão mais novo, porque o meu pai tinha frustrações maiores e a mão mais pesada.
Aos 25 anos, aprendi que nunca devo elogiar a comida da minha mãe, quando estou comendo alguma coisa que a minha mulher preparou.
Aos 29 anos, aprendi que se pode fazer, num instante, algo que nos dará dor de cabeça pelo resto de toda a nossa vida.
Aos 35 anos, aprendi que quando minha mulher e eu temos finalmente uma noite sem as crianças, passamos a maior parte do tempo a falar delas.
Aos 37 anos, aprendi que casais que não têm filhos, sabem melhor como você deve educar os seus.
Aos 40 anos, aprendi que é mais fácil fazer amigos do que livrarmo-nos deles.
Aos 42 anos, aprendi que as mulheres gostam de receber flores, sem uma razão em particular para tal.
Aos 43 anos, aprendi que não cometo muitos erros com a boca fechada.
Aos 44 anos, aprendi que existem duas coisas essenciais para um casamento feliz: contas bancárias e casas de banho separadas.
Aos 45 anos, aprendi que a altura que preciso realmente de férias, é justamente quando acabei de voltar delas.
Aos 46 anos, aprendi que você sabe que sua esposa o ama, quando sobram dois bolinhos e ela come o menor.
Aos 47 anos, aprendi que nunca se conhece bem os amigos, até que se tire férias com eles.
Aos 48 anos, aprendi que casar por dinheiro é a maneira mais difícil de conseguí-lo.
Aos 49 anos, aprendi que você pode dar um grande dia a alguém simplesmente mandando-lhe um pequeno cartão.
Aos 50 anos, aprendi que a qualidade do serviço de um hotel é diretamente proporcional à espessura das toalhas.
Aos 51 anos, aprendi que crianças e avós são aliados naturais.
Aos 52 anos, aprendi que quando chego atrasado ao trabalho, meu patrão chega cedo.
Aos 54 anos, aprendi que o objecto mais importante de um escritório é o caixote do lixo.
Aos 57 anos, aprendi que é bom desfrutar o sucesso, mas não se deve acreditar muito nele.
Aos 63 anos, aprendi que não posso mudar o que já aconteceu, mas posso deixar de pensar nisso.
Aos 64 anos, aprendi que a maioria das coisas com que me preocupei nunca acontecem.
Aos 66 anos, aprendi que todas as pessoas que dizem que o dinheiro não é tudo, geralmente têm muito.
Aos 67 anos, aprendi que se você espera a altura da reforma para começar a viver, esperou tempo demais.
Aos 72 anos, aprendi que quando as coisas vão mal, eu não tenho que ir com elas.
Aos 88 anos, aprendi que amei menos do que deveria.
Aos 90 anos, aprendi que tenho muito a aprender."
Viver é de facto aprender.
(Recebi este texto por e-mail num ficheiro do Power Point)
domingo, março 13, 2005
sábado, março 05, 2005
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Vaidade
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
(Florbela Espanca)
*
Faz algum tempo que comecei a ler poesia. Tinha a ideia que era um estilo literário do qual não gostava; sempre tive preferência pela prosa. Mas tenho descoberto que dentro deste estilo literário tão belo, há com toda a certeza algum autor que na sua maneira de fazer poesia tem a capacidade de nos fazer apreciar esta arte - a arte de criar poesia.
Não se lê poesia como se lê um qualquer romance. A poesia é literatura com um sabor diferente que nos leva a ler com mais calma, sem pressa de chegar ao fim, ler e voltar a ler...
O soneto intitulado Vaidade de Florbela Espanca é dos que mais aprecio desta nossa poetisa.
domingo, fevereiro 13, 2005
Livro Lido - A Escada
A história tem como personagem central Sérgio Louro, uma pessoa que chamarei de normal e cuja vida é igual à de tantas outras pessoas, nem desejável nem detestável.
Sérgio Louro habita num prédio sem elevador e certo dia pela manhã ao descer as escadas para se dirigir ao emprego descobre espantado que os degraus não têm fim. Daqui por diante todo o enredo gira à volta da situação de irrealidade na qual Sérgio de repente se encontra e da qual não consegue sair, apesar da ajuda que procura junto das outras pessoas que também parecem estar em situação idêntica à sua.
Esta história retrata no fundo a necessidade inerente à existência humana de caminharmos com um propósito e precisarmos chegar a algum lugar.
Quanto ao interesse despertado pela narrativa, classifico-o de medíocre. Quanto à história em si, apenas me ocorre uma palavra: inverosímil.
Quero aqui deixar uma palavra de agradecimento
Durante alguns dias andei com estas palavras como que a dançar perante mim. Cheguei até a pensar que eram da minha própria autoria, mas não. Infelizmente.
Conforme podemos ler no Citador nas Citações do tema Literatura, Louis Aragon diz o seguinte "Pensa-se a partir do que escreve e não o contrário." Penso serem estas as palavras que estão na origem daquelas que durante uns dias me vinham ao pensamento.
sábado, janeiro 29, 2005
Há uns dias atrás
Neste ponto, e não tendo descoberto o autor da frase, já não sei ao certo se fui eu que a li em algum lugar ou se simplesmente me surgiu em meio a muitos outros pensamentos e talvez eu tenha ficado com a ideia que a li quando assim não foi. Sinceramente, não sei.
Sei, isso sim, que a frase em questão tem muito de verdade. "Não se escreve sobre o que se pensa, antes pensa-se sobre o que se escreve." Escrever é de facto uma forma de pensar. Ou pelo menos, uma forma de elaborar e precisar o pensamento. Como diz Francis Bacon "o hábito de escrever torna o homem exacto."
Começa-se por vezes a escrever apenas com uma ideia, um pensamento que encontram o seu desenvolvimento, fundamentação (ou talvez não) e expressão quando se escreve sobre isso. Penso que todos aqueles que escrevem, seja apenas por gosto, seja por obrigação profissional ou decorrente de algum compromisso assumido, poderão confirmar que é assim.
Por vezes,
domingo, janeiro 23, 2005
Há algum tempo atrás
Pensei que a tinha lido no livro O Regresso a que faço referência aqui, mas após efectuar uma busca ao documento em Word, verifiquei que não foi. Logo pensei que talvez tivesse sido no Ene Coisas mas também o Luis me confirmou que não foi.
Àqueles que lêem estas palavras, deixo o meu apelo por auxílio para saber quem é o autor da referida frase.
sábado, janeiro 15, 2005
Citando Ernesto Sabado,
Lendo Quartzo, Feldspato & Mica, adaptando estas palavras, eu diria que:
Mas os verdadeiros escritores são aqueles que escrevem
por escrever; corações ligeiros, semelhantes a rios,
da sua fatalidade jamais escapam,
e, sem saber porquê, dizem sempre: escrevamos!
sexta-feira, janeiro 14, 2005
No caminho que percorria
E logo percebeu que estava só
Olhou mais uma vez surpreso
Procurando pelos ainda poucos
Que há momentos ainda o acompanhavam
Com uma resignação que até estranhou em si
Compreendeu que estava sozinho
E nessa condição teria de prosseguir
Porque há caminhos na vida em que o trilho
É apenas de cada um.
sábado, janeiro 08, 2005
Um normal sábado de manhã
Sentei-me num banco e observei; olhei à minha volta e deixei-me reparar nas pessoas, nos rostos, nas casas, nas árvores, nos pássaros, enfim, olhei à minha volta e simplesmente deixei-me reparar no que me rodeava.
A fila dos táxis em que saía o da frente com algum cliente para todos avançarem um lugar, os motoristas que se ajuntavam junto do carro deste ou daquele colega conversando sobre tudo e sobre nada (por certo muitas das conversas seriam em torno do derby desta noite entre Sporting e Benfica), estrangeiros sentados nas esplanadas dos cafés saborando o sol que com os seus raios fazia subir um pouco a temperatura que a ausência de chuva tem mantido baixa, pessoas que passavam vindas da praça do peixe carregando os seus sacos com peixe e legumes dirigindo-se para casa a fim de cozinharem o que durante a semana não têm tempo para cozinhar, alguns toxicodependentes por ali estavam sem nada fazer como que à espera do inesperado, os carros passavam na avenida, uns em passeio, outros em trabalho. E eu ali estava, permitindo-me reparar. E mais uma vez constatando que me faz bem parar e olhar à minha volta, olhar os outros.
Enquanto viajava de carro
"Ele iniciou caminho apenas porque já não suportava ali ficar de tão aborrecido que estava. Partiu sem destino definido. Encontrou muitas adversidades ao longo do percurso até que chegado não se sabe aonde viu-se na necessidade de parar e reflectir, olhando para o caminho já percorrido. Chegou à conclusão que não deveria ter encetado aquela viagem. Melhor seria nunca ter saído de onde estava, teve de admitir."
Assim me parece ser a vida de muitos.
quarta-feira, dezembro 29, 2004
A frase de hoje
terça-feira, dezembro 21, 2004
Livro Lido - O Código Da Vinci
Talvez porque a minha expectativa era já muito elevada pela fama que o livro já tinha alcançado, ou porque os factos históricos relevantes em que o livro assenta não são nada disso - factos históricos - antes fazem parte da teia ficcionista criada pelo autor, ou simplesmente porque não o li todo de uma leva mas com algumas interrupções, o que é certo é que numa escala de 1 a 5, a minha classificação é de 3,75.
Parece-me que o sucesso do livro é sustentado por três pontos principais:
1. A sua estrutura narrativa - o livro está escrito em capítulos que se assemelham com cenas de um filme, em que ao chegarmos ao fim de cada capítulo ficamos curiosos em prosseguir e descobrir o que o próximo capítulo nos traz;
2. Os factos supostamente históricos em que o enredo do livro assenta - Dan Brown misturando ficção e factos históricos (mais a primeira que os segundos) coloca em causa a existência e razão de ser da Igreja Católica, bem como as verdades propagadas por esta sobre a vida de Cristo. Interessante da perspectiva da ficção literária, da perspectiva da verdade histórica deixa muito a desejar. Para o inculto na história do Cristinanismo, os factos que Dan Brown apresenta surgem como a última revelação, mas não é assim;
3. O livro é predominantemente objectivo - o autor apresenta-nos um romance em que o conteúdo consiste quase na totalidade na descrição de uma acção que decorre num período relativamente curto (numa noite e um dia, exceptuando o último capítulo do livro e o epílogo), não havendo lugar para subjectividade ou relatividade na escrita, bem como na apresentação dos tais factos supostamente históricos que já mencionei.
terça-feira, dezembro 14, 2004
A Justa Medida de que fala Epicteto
Numa aldeia de pescadores da costa do México, um pequeno barco retorna do mar.
Um turista americano aproxima-se e cumprimenta o pescador mexicano, felicitando-o pela qualidade do pescado.
Curioso, o turista pergunta:
- Quanto tempo levou para apanhar esta quantidade de peixes?
- Não levei muito tempo. - responde o mexicano.
- Bem, então por que razão não ficou mais tempo no mar, pescando mais alguns peixes?
O mexicano explica que aquela quantidade era suficiente para atender às necessidades da sua família.
- Então, o que é que você faz com o resto do tempo? - indaga o americano.
- Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, descanso com minha esposa. Tenho uma vida boa... - admite o pescador - À noite eu vou até a vila para ver meus amigos, tomar umas bebidas, tocar violão, cantar umas músicas...
O americano interrompe:
- Pois eu posso ajudá-lo a ter uma vida realmente boa. Faça o seguinte: comece a passar mais tempo pescando todos os dias. Aí você pode vender todo o peixe extra que conseguir pescar. Com o dinheiro extra, você compra um barco maior. Com a receita extra que o barco maior vai trazer, você pode comprar um segundo e um terceiro barco, e assim por diante até possuir uma frota de pesqueiros.
«Ao invés de vender seu peixe a um intermediário, negoceie directamente com as fábricas de produção, quem sabe se você não pode até abrir a sua própria fábrica.
«Por essa altura você pode deixar esta vila e ir morar na Cidade do México, Los Angeles ou até mesmo em Nova Iorque!!
«De lá você gere o seu imenso empreendimento!»
- Quanto tempo demora até eu conseguir isso? - pergunta o mexicano.
- Uns vinte, vinte e cinco anos - responde o americano.
- E depois?
- E depois!? Aí é que vem a parte melhor - responde o americano, rindo - quando o seu negócio alcançar um crescimento enorme, você dispersa o capital em bolsa e ganha milhões.
- Milhões? A sério? E depois disso?
- Depois disso você reforma-se e vai morar numa vilazinha da costa mexicana, dorme até tarde, apanha uns peixinhos, descansa ao lado da esposa, brinca com os seus filhos e passa as noites divertindo-se com os amigos...
Nos dias que correm, muitas são as pessoas que vivem para TER em vez de SER.
Esforçam-se e esgotam-se para obter bens materiais, pensando em aproveitar a vida num futuro remoto que nem ao menos sabem se existirá.
Esquecem que a vida está no momento presente e que a felicidade pode ser encontrada nas coisas mais simples da vida.
“A vida não consiste em ter boas cartas na mão e sim em jogar bem as que se tem." - Josh Billings
sábado, dezembro 11, 2004
Estas palavras
"Como se conseguiu, de geração para geração, avanços materiais, tecnológicos, e os conflitos são os mesmos? Aristóteles fez uma descrição perfeita e actual do habitante de hoje de Nova Iorque e apanhou, também, o habitante de Jerusálem, mas não apanhou a forma tecnológica como se matam uns aos outros."
fizeram-me pensar. O que me deixa perturbado é que a realidade descrita acima não faça muitos outros pensar também. Por pensar, leia-se a reflexão que leva à mudança e a uma acção interventiva e transformadora do meio.
sexta-feira, dezembro 10, 2004
quarta-feira, dezembro 08, 2004
Boa disposição
(Não se esqueçam de clicar no play para ver o video)