terça-feira, novembro 30, 2004

A questão da importância

"Os homens não são importantes; o que importa é quem os comanda" era a citação em destaque ontem no Citador.

Dita por Charles André Joseph Marie de Gaulle (1890-1970), o militar e estadista francês que organizou a resistência francesa contra os nazis e veio a tornar-se mais tarde no primeiro presidente da V República Francesa, esta frase nem parece dita por alguém em lugar de liderança e chefia.

Esta citação mais me parece dita por alguém que passa o seu dia a dia fechado num escritório, mexendo em papéis e computadores, talvez lendo livros sobre liderança e gestão de recursos humanos, do que por alguém que foi capaz de mobilizar vidas lutando contra um inimigo como o nazismo.

A própria natureza desta frase, retirando valor a quem é liderado é um contra-senso na hábil tarefa de liderar pessoas, a qual só pode ser concretizada com sucesso por meio da prática sincera do elogio e do incentivo. E, é precisamente fazendo as pessoas sentirem-se importantes, que isso se consegue.

Já a frase de hoje no Citador "Quem tem confiança em si próprio comanda os outros" é manifestamente mais sábia que a do General de Gaulle, pois nos lembra uma necessidade simples mas muito necessária à arte da liderança - a necessidade da auto confiança. Digo necessidade, pois no meu entender a auto confiança é mais do que algo importante; é algo deveras necessário a uma liderança bem sucedida.

A citação é de Horácio, um poeta latino que viveu entre 65 a.c e 8 a.c. que, embora tenha vivido à mais de dois mil anos, nos deixa perceber que, a realidade de então, no que à liderança de pessoas diz respeito, não é muito diferente da de hoje.

domingo, novembro 21, 2004

A (esperada) morte do livro?

No blogue do Luis Ene, li um excelente post cuja inspiração e início esteve nas seguintes palavras de José Saramago “Sobre as páginas de um livro pode-se chorar, mas não sobre o ecrã de um computador”, defendendo o nosso Nobel que o livro sobreviverá à Internet.

Foi com imenso agrado que li as palavras do Luis e que visitei os links por ele apresentados nesse mesmo post.

E, despertado por pensamentos sobre a literatura e sobre os livros, não quero deixar de aqui manifestar esta certeza: sempre haverão livros porque a sua existência se deve aos escritores e leitores os quais também nunca deixarão de existir.

Manifesto também um desejo: que o livro em formato "folha de papel / capa / lombada" nunca encontre fim, porque a leitura de um livro nesse formato é muito mais prazerosa do que quando lido num ecrán de computador. Penso que qualquer bibliófilo concordará comigo.

quinta-feira, novembro 18, 2004

Anton Tchekhov disse que

"A felicidade é uma recompensa para quem não a procura." Acabei de ler esta citação no Citador e fiquei a pensar no seu conteúdo por uns momentos, saboreando a sua verdade e deixando-me levar por considerações diversas.

O grande segredo da felicidade não está em procurá-la em todo o lado e tudo fazermos para a alcançarmos; o segredo da felicidade está em aprendermos que não é suposto que seja um fim a que se chega, mas uma estrada pela qual se viaja. Esta estrada consiste em muitas coisas pequenas e simples que fazem parte da nossa vida do dia a dia. Coisas que não têm tanto a ver com algo de concreto que temos ou alcançamos mas sim com a nossa atitude perante uma série de situações com que nos deparamos quase diariamente. Aprender que é nessas coisas simples e pequenas que está uma dose imensa de satisfação é uma lição de inestimável valor que podemos e precisamos alcançar.

Nos dias que correm, constato que as pessoas ocupam-se mais em se sentirem bem do que em estarem bem. Procuram mais a felicidade que se sente do que a felicidade que se vive. Que contradição, não é o que parece? Então, a felicidade que sinto é a felicidade que vivo... ou não? Penso que não. É possível sentir felicidade e não se viver feliz. O que muitos pensam ser a felicidade que sentem na verdade não passa da euforia pela satisfação do que lhes parece ser uma necessidade imediata. Mas essa felicidade é efémera.
Viver feliz não é colocar antes de tudo o mais a satisfação das necessidades próprias; é em primeiro lugar saber viver agradecido pelo que se tem, porque há com toda a certeza alguém com menos do que nós; é aprender a não pensar todo o tempo em nós próprios, mas ajudando quem podemos ajudar; é ser esforçado e encontrar gosto nisso; é exercer tolerância e não exigir demasiado dos outros; é fazer o que está certo e deixar tudo o mais nas mãos de Deus.

"A felicidade é uma recompensa para quem não a procura", dizia Tchekhov.

"Não somos nós que encontramos a felicidade, é a felicidade que nos encontra a nós, e isso só acontece quando no fundo procuramos a felicidade de alguém que não nós próprios", digo eu.

terça-feira, novembro 16, 2004

Correcção

Ao escrever sobre a minha leitura de "O Regresso" mencionei que o seu autor - o Luis Ene - iniciou com esta obra a sua incursão no romance. Não é exacto esse facto. No que respeita ao romance, O Regresso é já a segunda obra do Luis, sendo a primeira o livro A Justa Medida.

De Millor Fernandes,

no Blog do Citador, pode ler-se esta história que surge como algo mórbida, depois algo humorística e termina com uma lição de moral muito verdadeira; é que nem todos nos dão a mão que precisamos quando mais precisamos.

sábado, novembro 13, 2004

Livro Lido - "O Regresso"

Nas minhas andanças bloguíticas, ou direi antes navegações, logo dei com o conhecido blogue do Luis Ene, cujo nome - Ene Coisas - é facilmente relacionado com o do autor.
Gosto de aventuras, e ainda mais de observar e ler sobre aqueles que, movidos pelo forte desejo de tentar, se aventuram em algo em que nada têm a perder. Move-os o gosto por aquilo em que se aventuram. No caso do Luis Ene, o seu gosto pela literatura e escrita, levou-o a esta incursão pelo romance que resultou em O Regresso.
Neste domínio da blogosfera, penso que é mais importante o prazer que alcançamos ao escrever do que o prazer que alguém pode ter ao ler o que escrevemos. Chamo a isso escrever para nós. Se a nossa escrita agrada a outros tanto melhor. Ao escrever estas palavras, recordo-me das palavras de Vergílio Ferreira "preciso escrever". Com alguns esta necessidade surge cedo na vida, quase nascendo com eles. Com outros, a escrita pode despontar como uma necessidade de uma expressão comunicacional diferente, literária.
Enfim, o Luis aventurou-se pelo romance escrevendo O Regresso. Dou-lhe os meus parabéns.
O Regresso é a narração de um homem casado e pai que, aproveitando a herança deixada pelo pai entretanto falecido, se retira para a casa onde este vivia com o propósito de escrever um livro.
Parece-me que a semelhança aqui encontrada entre o personagem de O Regresso que abraça o projecto de escrever um livro e o Luis que com esta história estreia a sua incursão no romance, não é por acaso. Parece-me que o Luis escreve muito sobre si próprio, como aliás, penso eu, qualquer autor que se inicia na escrita faz.
À apreciação que faço da história em si não é alheio o facto de ter lido os primeiros capítulos publicados no Ene Coisas sentado ao computador o que, na minha opinião, não é a mesma coisa que ler confortavelmente sentado num sofá tocando as folhas, exercitando o acto de voltar a página, sentindo o papel, etc.
Quando solicitei ao Luis que me fornecesse o texto noutro formato que não o do publicado no blogue, de imediato o recebi em formato Word. Imprimi as 204 páginas e li a partir de onde tinha deixado a leitura no computador. A partir daí foi com gosto redobrado que prossegui a leitura, não a concluindo mais rapidamente porque o tempo disponível para a leitura (infelizmente!) não é muito. Enfim, é o que se pode ter.
Mais não me vou pronunciar sobre o restante da história porque não quero revelar saborosos pormenores que poderão descobrir por vocês mesmos ao lerem O Regresso. Penso que gostarão de o ler, tal como eu.
Ao Luis, mais uma vez, os meus parabéns. Que continue a ler e a escrever.

quinta-feira, novembro 04, 2004

Experiencia livresca

Aproveitando a ida a Lisboa neste fim de semana prolongado, na segunda-feira ao ir ao C.C. Vasco da Gama, uma visita à maior livraria do país - a Bertrand - era obrigatório.

São 70.000 titúlos dos mais variados autores e estilos literários.

Devo confessar que logo ao chegar, senti-me perdido. Nem sabia para onde me voltar. Tanto livro!

Depois deixei-me levar pelo chamariz das lombadas e dos livros em destaque e lá me deliciei durante mais ou menos 1 hora pegando em vários livros, lendo o resumo ou algo sobre o autor e voltando a colocá-los no lugar.

Comprei A Pianista da escritora Elfriede Jelinek galardoada com o prémio Nobel da Literatura 2004, Árvore sem Voz de Daniel Sampaio e o best seller O Código Da Vinci de Dan Brown.