quinta-feira, novembro 18, 2004

Anton Tchekhov disse que

"A felicidade é uma recompensa para quem não a procura." Acabei de ler esta citação no Citador e fiquei a pensar no seu conteúdo por uns momentos, saboreando a sua verdade e deixando-me levar por considerações diversas.

O grande segredo da felicidade não está em procurá-la em todo o lado e tudo fazermos para a alcançarmos; o segredo da felicidade está em aprendermos que não é suposto que seja um fim a que se chega, mas uma estrada pela qual se viaja. Esta estrada consiste em muitas coisas pequenas e simples que fazem parte da nossa vida do dia a dia. Coisas que não têm tanto a ver com algo de concreto que temos ou alcançamos mas sim com a nossa atitude perante uma série de situações com que nos deparamos quase diariamente. Aprender que é nessas coisas simples e pequenas que está uma dose imensa de satisfação é uma lição de inestimável valor que podemos e precisamos alcançar.

Nos dias que correm, constato que as pessoas ocupam-se mais em se sentirem bem do que em estarem bem. Procuram mais a felicidade que se sente do que a felicidade que se vive. Que contradição, não é o que parece? Então, a felicidade que sinto é a felicidade que vivo... ou não? Penso que não. É possível sentir felicidade e não se viver feliz. O que muitos pensam ser a felicidade que sentem na verdade não passa da euforia pela satisfação do que lhes parece ser uma necessidade imediata. Mas essa felicidade é efémera.
Viver feliz não é colocar antes de tudo o mais a satisfação das necessidades próprias; é em primeiro lugar saber viver agradecido pelo que se tem, porque há com toda a certeza alguém com menos do que nós; é aprender a não pensar todo o tempo em nós próprios, mas ajudando quem podemos ajudar; é ser esforçado e encontrar gosto nisso; é exercer tolerância e não exigir demasiado dos outros; é fazer o que está certo e deixar tudo o mais nas mãos de Deus.

"A felicidade é uma recompensa para quem não a procura", dizia Tchekhov.

"Não somos nós que encontramos a felicidade, é a felicidade que nos encontra a nós, e isso só acontece quando no fundo procuramos a felicidade de alguém que não nós próprios", digo eu.

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