sábado, junho 11, 2005

Fim

Este blogue deixa hoje de ser editado. Ainda pensei em apága-lo à semelhança do que fez o Juraan Vink do Universos Desfeitos mas optei antes por, tal como fez o Luis Ene com o Ene Coisas, deixá-lo assim tal como está. Pode ser que um dia aqui volte.

Até sempre.

domingo, maio 08, 2005

Bibliofilia ou bibliomania? #2

Ainda discorrendo sobre a bibliomania que com frequência me assola, acrescento que não apenas gostava de poder gastar € 2.500 por mês em livros como o Marcelo Rebelo de Sousa, mas também ter o mesmo problema que o Vasco Graça Moura teve - mudar de casa para melhor conseguir acomodar a sua biblioteca particular.

Enfim, penso que pelo que já escrevi neste blogue, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, talvez se note alguns traços desta bibliomania que refiro. A isso também não é alheia a coluna Navegações Literárias ao lado neste blogue com uma série de links para sites relacionados com literatura.

sábado, maio 07, 2005

Bibliofilia ou bibliomania?

Esta é uma questão que por vezes coloco a mim mesmo. Serei um bibliófilo ou um bibliómano?

Consulto o dicionário da Diciopédia 2004 que me diz que bibliófilo é um amador ou coleccionador de livros, especialmente de livros raros. Não me enquadro propriamente nesta descrição pois não colecciono livros raros nem tenho por eles algum interesse especial. Mas penso que já me enquadro mais na descrição de um bibliómano.

Também segundo o mesmo dicionário, um bibliómano ou bibliomaníaco é aquele que que tem paixão pelos livros. Bibliomania é referida como paixão pelos livros, mania de possuir livros. E isto sim penso que já tem mais a ver comigo. Não consigo passar muito tempo sem comprar algum livro e quando vou a uma livraria dificilmente resisto a comprar um, tenho um gosto imenso por toda a imagem de prateleiras cheias de livros, gostava de ser como o Marcelo Rebelo de Sousa que pode gastar € 2.500 por mês em livros, encontro um imenso deleite quando entro numa livraria ou numa biblioteca, gosto imenso de sentar-me no meu escritório e olhar as prateleiras cheias de livros e quando não estou em casa, exceptuando quando vou trabalhar, levo sempre um livro ou uma revista comigo, pois nunca sei se não terei alguns minutos para ler esperando por alguém ou simplesmente numa fila de uma qualquer repartição pública.

sábado, abril 23, 2005

Dia Mundial do Livro

Comemora-se hoje, 23 de Abril, o Dia Mundial do Livro.

No Citador, encontrei algumas citações sobre o livro. Eis as que achei mais interessantes:

Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir - Francis Bacon

Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós - Franz Kafka

Ler um livro é para o bom leitor conhecer a pessoa e o modo de pensar de alguém que lhe é estranho. É procurar compreendê-lo e, sempre que possível, fazer dele um amigo - Hermann Hesse

Um dos principais deveres do homem é cultivar a amizade dos livros - Thomas Carlyle

Os livros podem ser divididos em dois grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre - John Ruskin

Como é conveniente e agradável o mundo dos livros! - se não se atribuir a ele as obrigações de um estudante, nem considerá-lo um sedativo para a preguiça, mas entrar nele com o entusiasmo de um aventureiro! - D. Grayson

A máquina tecnologicamente mais eficiente que um homem jamais inventou é o livro - Northorp Frye

A beleza da antecipação

O escritor francês Henri Alain-Fournier disse "A aproximação é sempre mais bela que a chegada". Esta frase lembra-me outra de Andre Gide (1869-1951), o escritor também francês que em 1947 recebeu o Prémio Nobel da Literatura, "Cada desejo enriqueceu-me mais do que a posse sempre falsa do objecto do meu desejo."

domingo, abril 17, 2005

Higiene mental

«Não perco um minuto a ver a Quinta das Celebridades. É uma questão de higiene mental.» Miguel Sousa Tavares no Correio da Manhã

quinta-feira, abril 14, 2005

Nas duas quadras

do soneto de Florbela Espanca intitulado Mocidade lemos o seguinte:

A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa,
Que vê num cardo a folha de uma rosa,
Na gota de água o brilho de um diamante;

Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!

Estes versos fizeram-me lembrar os chamados turistas de pé descalço, mal vestidos, sujos, a cheirar mal, de mochila às costas, sem destino certo e sem poiso, raramente sozinhos, que se deixam ver em Lagos e noutras cidades por este Algarve fora.

terça-feira, abril 12, 2005

domingo, março 27, 2005

Estas duas quadras

do soneto intitulado Mistério de Florbela Espanca fizeram-me sentir saudade da chuva.

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

sábado, março 26, 2005

As coisas que aprendi na vida

"Aos 5 anos, aprendi que os peixes no aquário não gostam de gelatina.
Aos 6 anos, aprendi que não se consegue esconder espinafres no copo de leite.
Aos 8 anos, aprendi que o meu pai pode dizer uma série de palavras que eu não posso.
Aos 9 anos, aprendi que a minha professora chama-me sempre quando eu não sei a resposta.
Aos 11 anos, aprendi que os meus melhores amigos são os que sempre me metem em confusão.
Aos 12 anos, aprendi que, se tenho problemas na escola, tenho ainda mais em casa.
Aos 13 anos, aprendi que quando o meu quarto fica como eu quero, a minha mãe manda-me arrumá-lo.
Aos 14 anos, aprendi que não devia descarregar as minhas frustrações no meu irmão mais novo, porque o meu pai tinha frustrações maiores e a mão mais pesada.
Aos 25 anos, aprendi que nunca devo elogiar a comida da minha mãe, quando estou comendo alguma coisa que a minha mulher preparou.
Aos 29 anos, aprendi que se pode fazer, num instante, algo que nos dará dor de cabeça pelo resto de toda a nossa vida.
Aos 35 anos, aprendi que quando minha mulher e eu temos finalmente uma noite sem as crianças, passamos a maior parte do tempo a falar delas.
Aos 37 anos, aprendi que casais que não têm filhos, sabem melhor como você deve educar os seus.
Aos 40 anos, aprendi que é mais fácil fazer amigos do que livrarmo-nos deles.
Aos 42 anos, aprendi que as mulheres gostam de receber flores, sem uma razão em particular para tal.
Aos 43 anos, aprendi que não cometo muitos erros com a boca fechada.
Aos 44 anos, aprendi que existem duas coisas essenciais para um casamento feliz: contas bancárias e casas de banho separadas.
Aos 45 anos, aprendi que a altura que preciso realmente de férias, é justamente quando acabei de voltar delas.
Aos 46 anos, aprendi que você sabe que sua esposa o ama, quando sobram dois bolinhos e ela come o menor.
Aos 47 anos, aprendi que nunca se conhece bem os amigos, até que se tire férias com eles.
Aos 48 anos, aprendi que casar por dinheiro é a maneira mais difícil de conseguí-lo.
Aos 49 anos, aprendi que você pode dar um grande dia a alguém simplesmente mandando-lhe um pequeno cartão.
Aos 50 anos, aprendi que a qualidade do serviço de um hotel é diretamente proporcional à espessura das toalhas.
Aos 51 anos, aprendi que crianças e avós são aliados naturais.
Aos 52 anos, aprendi que quando chego atrasado ao trabalho, meu patrão chega cedo.
Aos 54 anos, aprendi que o objecto mais importante de um escritório é o caixote do lixo.
Aos 57 anos, aprendi que é bom desfrutar o sucesso, mas não se deve acreditar muito nele.
Aos 63 anos, aprendi que não posso mudar o que já aconteceu, mas posso deixar de pensar nisso.
Aos 64 anos, aprendi que a maioria das coisas com que me preocupei nunca acontecem.
Aos 66 anos, aprendi que todas as pessoas que dizem que o dinheiro não é tudo, geralmente têm muito.
Aos 67 anos, aprendi que se você espera a altura da reforma para começar a viver, esperou tempo demais.
Aos 72 anos, aprendi que quando as coisas vão mal, eu não tenho que ir com elas.
Aos 88 anos, aprendi que amei menos do que deveria.

Aos 90 anos, aprendi que tenho muito a aprender."

Viver é de facto aprender.

(Recebi este texto por e-mail num ficheiro do Power Point)

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Vaidade

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...

(Florbela Espanca)

*

Faz algum tempo que comecei a ler poesia. Tinha a ideia que era um estilo literário do qual não gostava; sempre tive preferência pela prosa. Mas tenho descoberto que dentro deste estilo literário tão belo, há com toda a certeza algum autor que na sua maneira de fazer poesia tem a capacidade de nos fazer apreciar esta arte - a arte de criar poesia.

Não se lê poesia como se lê um qualquer romance. A poesia é literatura com um sabor diferente que nos leva a ler com mais calma, sem pressa de chegar ao fim, ler e voltar a ler...

O soneto intitulado Vaidade de Florbela Espanca é dos que mais aprecio desta nossa poetisa.

domingo, fevereiro 13, 2005

Livro Lido - A Escada

O livro A Escada, escrito por Carlos Gouveia e Melo, recebeu o Prémio Revelação APE / IPLB na área de ficção, conforme se pode verificar aqui.

A história tem como personagem central Sérgio Louro, uma pessoa que chamarei de normal e cuja vida é igual à de tantas outras pessoas, nem desejável nem detestável.

Sérgio Louro habita num prédio sem elevador e certo dia pela manhã ao descer as escadas para se dirigir ao emprego descobre espantado que os degraus não têm fim. Daqui por diante todo o enredo gira à volta da situação de irrealidade na qual Sérgio de repente se encontra e da qual não consegue sair, apesar da ajuda que procura junto das outras pessoas que também parecem estar em situação idêntica à sua.

Esta história retrata no fundo a necessidade inerente à existência humana de caminharmos com um propósito e precisarmos chegar a algum lugar.

Quanto ao interesse despertado pela narrativa, classifico-o de medíocre. Quanto à história em si, apenas me ocorre uma palavra: inverosímil.

Quero aqui deixar uma palavra de agradecimento

à Maria pela ajuda com a frase "não se escreve sobre o que se pensa, antes pensa-se sobre o que escreve."

Durante alguns dias andei com estas palavras como que a dançar perante mim. Cheguei até a pensar que eram da minha própria autoria, mas não. Infelizmente.

Conforme podemos ler no Citador nas Citações do tema Literatura, Louis Aragon diz o seguinte "Pensa-se a partir do que escreve e não o contrário." Penso serem estas as palavras que estão na origem daquelas que durante uns dias me vinham ao pensamento.

sábado, janeiro 29, 2005

Há uns dias atrás

pedi aqui ajuda para descobrir o autor de uma frase que li há algum tempo e que dizia mais ou menos isto "não se escreve sobre o que se pensa, antes pensa-se sobre o que se escreve". Julgando pela ausência das respostas deduzo que aqueles que leram o meu apelo simplesmente não me conseguiram ajudar. De qualquer maneira, aos que tentaram, obrigado.

Neste ponto, e não tendo descoberto o autor da frase, já não sei ao certo se fui eu que a li em algum lugar ou se simplesmente me surgiu em meio a muitos outros pensamentos e talvez eu tenha ficado com a ideia que a li quando assim não foi. Sinceramente, não sei.

Sei, isso sim, que a frase em questão tem muito de verdade. "Não se escreve sobre o que se pensa, antes pensa-se sobre o que se escreve." Escrever é de facto uma forma de pensar. Ou pelo menos, uma forma de elaborar e precisar o pensamento. Como diz Francis Bacon "o hábito de escrever torna o homem exacto."

Começa-se por vezes a escrever apenas com uma ideia, um pensamento que encontram o seu desenvolvimento, fundamentação (ou talvez não) e expressão quando se escreve sobre isso. Penso que todos aqueles que escrevem, seja apenas por gosto, seja por obrigação profissional ou decorrente de algum compromisso assumido, poderão confirmar que é assim.

Por vezes,

durante um período de leitura, preciso fazer como quando bebemos algo que realmente apreciamos: fazer uma pausa e saborear. As palavras, neste caso.

domingo, janeiro 23, 2005

Há algum tempo atrás

li uma frase que dizia mais ou menos isto "não se escreve o que se pensa, antes pensa-se sobre o que se escreve".

Pensei que a tinha lido no livro O Regresso a que faço referência aqui, mas após efectuar uma busca ao documento em Word, verifiquei que não foi. Logo pensei que talvez tivesse sido no Ene Coisas mas também o Luis me confirmou que não foi.

Àqueles que lêem estas palavras, deixo o meu apelo por auxílio para saber quem é o autor da referida frase.

sábado, janeiro 15, 2005

Citando Ernesto Sabado,

o Luis coloca a questão Por que se escreve?

Lendo Quartzo, Feldspato & Mica, adaptando estas palavras, eu diria que:

Mas os verdadeiros escritores são aqueles que escrevem
por escrever; corações ligeiros, semelhantes a rios,
da sua fatalidade jamais escapam,
e, sem saber porquê, dizem sempre: escrevamos!

sexta-feira, janeiro 14, 2005

No caminho que percorria

Ele olhou para o lado
E logo percebeu que estava só

Olhou mais uma vez surpreso
Procurando pelos ainda poucos
Que há momentos ainda o acompanhavam

Com uma resignação que até estranhou em si
Compreendeu que estava sozinho
E nessa condição teria de prosseguir
Porque há caminhos na vida em que o trilho
É apenas de cada um.

sábado, janeiro 08, 2005

Um normal sábado de manhã

é o que se chamaria ao dia de hoje no centro da cidade de Lagos.

Sentei-me num banco e observei; olhei à minha volta e deixei-me reparar nas pessoas, nos rostos, nas casas, nas árvores, nos pássaros, enfim, olhei à minha volta e simplesmente deixei-me reparar no que me rodeava.

A fila dos táxis em que saía o da frente com algum cliente para todos avançarem um lugar, os motoristas que se ajuntavam junto do carro deste ou daquele colega conversando sobre tudo e sobre nada (por certo muitas das conversas seriam em torno do derby desta noite entre Sporting e Benfica), estrangeiros sentados nas esplanadas dos cafés saborando o sol que com os seus raios fazia subir um pouco a temperatura que a ausência de chuva tem mantido baixa, pessoas que passavam vindas da praça do peixe carregando os seus sacos com peixe e legumes dirigindo-se para casa a fim de cozinharem o que durante a semana não têm tempo para cozinhar, alguns toxicodependentes por ali estavam sem nada fazer como que à espera do inesperado, os carros passavam na avenida, uns em passeio, outros em trabalho. E eu ali estava, permitindo-me reparar. E mais uma vez constatando que me faz bem parar e olhar à minha volta, olhar os outros.

Enquanto viajava de carro

há algumas horas atrás, ocorreu-me uma breve história, que segue assim:

"Ele iniciou caminho apenas porque já não suportava ali ficar de tão aborrecido que estava. Partiu sem destino definido. Encontrou muitas adversidades ao longo do percurso até que chegado não se sabe aonde viu-se na necessidade de parar e reflectir, olhando para o caminho já percorrido. Chegou à conclusão que não deveria ter encetado aquela viagem. Melhor seria nunca ter saído de onde estava, teve de admitir."

Assim me parece ser a vida de muitos.